quarta-feira, junho 29, 2005

noites à direita

Lá estarei. Numa conversa sobre a direita, para discutir tudo.

porque registar trapalhadas não está ao alcance de qualquer um

recomendo a leitura atenta de "Ressentimentos, masoquismos e ingenuidades" n'O Acidental, por tudo.

lições de ciência política, 2ª edição: irredutível mas elevado modo de agressão política

Até há pouco tempo havia alguma dificuldade entre os políticos para que conseguissem aliar um modo de agressão política irredutível, que condensasse numa palavra um só grito, a uma postura mantida elevada. Se conviermos, a crítica literal mentiroso é manifestamente grosseira e acaba mesmo por se virar contra o seu emissor, à laia de um feitiço mal medido.

Mas hoje esses dias estão claramente volvidos. Hoje temos entre o vocabulário político aprovado uma palavra que se encaixa perfeitamente naqueles requisitos e, mais, tem tido até agora o sentido acrescido da surpresa - que é em guerra - mesmo que política -, verdadeiramente [já estou a entrar no ritmo], a melhor arma.

embuste
do Cast. embuste s. m., mentira
artificiosa; dolo, falsidade; velhacaria


Embuste enche-se de som quando se pronuncia - cheio de corpo, cheio de intensão. É uma farpíssima fina sem resposta. Mas não se cumpre numa agressão barata gasta em paragens menores. É irredutível mas polida.

É claramente palavra obrigatória para o Verão 2005. Pelo menos para quem segue as modas.

terça-feira, junho 28, 2005

revista finalmente

a revisão de conjunto sobre infecções fúngicas hospitalares e a questão particular dos doentes queimados.

Enfim ressurrecto.

post dos simples

Ainda Mahler, um gato estendido numa doce preguiça e um relógio que se precipita para a alvorada - rasgando a noite quieta e absolutamente solitária. Ainda em revisão.

oiço logo sinto



Em revisão da Revisão, pela noite dentro, profundamente dentro, em magna audição da Sinfonia nº2 de Mahler da Filarmónica de Nova Iorque, conduzida pelo maetro Leonard Bernstein.

É a ressureição - no literal sentido daquilo que oiço e logo sinto.

segunda-feira, junho 27, 2005

eu sei o que isso é

e por isso desisti logo no primeiro livro: benefício de ler apenas por gozo e lazer e não ter de cumprir sacrifícios profissionais.

BBC Proms

Assisti ontem em serão prolongado ao magnífico espectáculo de encerramento do festival BCC Proms 2004, que juntou em torno da orquestra sedeada no Royal Albert Hall as cidades de Londres, Swansea, Glasgow e Belfast (dos quatro estados do Reino Unido).

O festival deste ano decorrerá de 15 de Julho a 10 de Setembro, como sempre - desde há 110 anos - no Royal Albert Hall. Eu vou.

rititi no livro aberto

Acedi ao repto e gostei. Pelo benefício que nos traz cumprirmos em cada um um pouco da Rititi.

sábado, junho 25, 2005

oiço logo sinto



Em Revisão, pela noite dentro, com imprescindíveis como Dizzy Gallespie.

sexta-feira, junho 24, 2005

perseguição sem tréguas

É indecente a perseguição que tem sido feita ao talentoso Mr. Carrilho. Não há dúvida que Portugal tem muita dificuldade em lidar com os verdadeiros génios. Por causa disto, disto, disto, disto e disto, chegámos aqui.

harém ministerial: uma questão de produtividade

Confesso que não entendo as vozes que se insurgem contra o número de secretárias do Sr. Primeiro Ministro: é sinal do imenso trabalho a que se propõe o Eng. Sócrates e por isso necessariamente uma medida de contentamento para todos nós. Quanto mais trabalho houver, mais apoio de secretariado precisará o primeiro-ministro, o que implicará mais secretárias, as quais por sua vez se verão obrigadas, por força do imenso trabalho, a contar com apoio suplmentar de secretariado a prestar por outras secretárias das secrestárias.

Para mim o número de secretárias é a apenas e só a expressão da produtividade deste Governo. E assim quem ganha é Portugal.

Nota: É claro que as secretárias tidas por herança do anterior primeiro-ministro não prestavam - se prestassem o PSD não tinha perdido as eleições.

e os louros vão para...

Não é justo roubar-se o prémio a quem já subiu ao pódio. Isso foi o que senti quando ouvi na TSF a Fenprof afirmar que os louros da antecipação da apresentação das listas dos professores para o próximo ano lectivo não eram afinal deste governo mas do anterior. Não se faz.

quinta-feira, junho 23, 2005

dissimulação e marketing

Ao ler a notícia de que os hipermercados vão absorver a subida do IVA e que os preços se manterão para grande parte dos produtos, caímos na tentação (é essa a intensão) de pensar: "afinal nem sempre é só o lucro que os move"; "simpáticos, estes senhores"; "assim vou passar a ir mais vezes aos hiperes" e outros pensamentos semelhantes.

Mas esta é uma clara dissimulação da verdadeira opção estatégica que pretende aliar à evidente acção de marketing uma medida de poupança - evitando os custos associdos a uma remarcação global dos preços de todos os produtos. Porque nos negócios não há - e isto é regra - lugar a misericórdias, mesmo que nos tentemos em dadas circunstâncias e pensá-lo: faz parte exactamente das melhores estratégias de venda.

insurgência pelo major

É inaceitável a condenação ditada ao nosso major coqueluche por apenas se ter dirigido a forças de autoridade de modo corriqueiro. Imagine-se que se julgava que o major pretendia, nas suas próprias palavras, mandar os agentes à sanita comer fezes. Não passa pela cabeça de ninguém, pois não.

Triste País este feito de estarolas.

(e já agora: algúem me sabe dizer que funções militares desempenhou Valentim Loureiro, o pai?)

fabuloso resumo ensaísta sobre a nacionalidade portuguesa

de Rodrigo Moita de Deus, a ler n'O Acidental.

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Em Revisão pela noite dentro, reiteradamente, nocturnamente, com a companhia líquida do piano de Bernardo Sasseti.

confesso que às vezes me tento em ser ordinário

frequentemente - na esfera íntima a que os limites da boa educação me obrigam - para com o ministro Correia de Campos. A mais recente enormidade foi a forma indigente com que se referiu à responsabilidade dos profissionais de saúde - nomeadamente por uma pretensa falta de cuidados primários de higiene - pela elevada prevalência de infecções nosocomiais no Hospital de São João, no Porto.

É-nos óbvio (a quem lida com o problema das infecções hospitalares) que existe em muitos casos um associação entre a transmissão dos agentes infecciosos e o pessoal hospitalar - seja através das mãos, das batas, do estetoscópio, das canetas que viajam nos bolsos, etc. O que se não admite - em absoluto - é a leviandade com que o Ministro da Saúde abordou o problema e, mais, a irresponsabilidade da publicitação gratuita de um facto que, por descontextualizado da lógica de um estudo epidemiológico global, poderá originar na população servida pelo HSJ um grave sentimento de insegurança relativametne à qualidade dos serviços hospitalares prestados.

Confesso que às vezes me tento em ser ordinário, mas com felicidade acho n'a cor das avestruzes modernas o benefício manifesto de exercitar o raciocínio benévolo que me vai contendo.

gosto tanto de rir

Esta noite - ainda há pouco - dei por mim solto num largo riso e senti-me bem. Assistia na circunstância à Quadratura do Círculo e, inevitavelmente, conforme depreenderão, tinha a palavra Jorge Coelho.

Ofereço-vos o excerto para que possam lucrar também com o benefício do riso, como eu fiz:

Jorge Coelho: (...) Tínhamos a alternativa de fazer o que é normal os governos fazerem quando chegam ao poder: deixar andar as coisas para a frente e esperar que um dia se resolvam por obra e graça do Espírito Santo.

José Pacheco Pereira: Que era o que apresentavam na campanha...

JC: Quer dizer, admito que tenha sido um bocadinho...

quarta-feira, junho 22, 2005

constituição prêt-a-porter

Estando o processo de ratificação do Tratado Constitucional Europeu presentemente adiado e, por consequência, também adiada a realização do referendo em Portugal, já não faz sentido incluir no texto constitucional português a questão da simultaneidade de ocorrência do referendo sobre a Constituição Europeia e eleições nacionais.

Pois bem: altere-se de novo a ideia do texto e prescreva-se outro que permita a realização de quaisquer referendos sobre quaisquer tratados europeis significativos em qualquer altura - não vá criar-se entretanto mais matéria referendável neste contexto. E tudo assenta que nem uma luva, feito à medida e pronto a usar.

Um questão acessória que me ocorre: o que é uma Revisão Constitucional?

terça-feira, junho 21, 2005

quem tramou José Sócrates?

A Comissão Europeia entende que as medidas do Pacto de Estabilidade e Crescimento são insuficientes para baixar o défice para os três por cento. A Comissão considerou ainda que o Governo foi demasiado optimista na questão do crescimento da economia.

as lições de vida de Saddam

Saddam Hussain tem feito grandes amizades com os soldados americanos com os quais priva no seu recatado cativeiro. Consta até que terá oferecido lições de vida a um jovem soldado, de nome Sean O'Shea, assegurando-lhe que em matéria amorosa o ideal é encontrar uma mulher not too smart, not too dumb. Not too old, not too young. One that can cook and clean.

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Em Revisão pela noite dentro, ouvindo os portugueses Loopless.

segunda-feira, junho 20, 2005

metamorfose

Volvidos os achados tempos da "direita", vê-se agora o PS em campanha erguendo punhos cerrados em fundos vermelhos, aproveitando os vendos que sopram (como outrora de leste) de folêgo redobrado aós a morte do Ícone. "Na gaveta" estão já aqueles que emolduraram em fundo verde esperança (que foi nossa desesperança) a era guterrista da rosa de todas as oportunidades.

Ah!, hipócrita aparelho de marketing que sonega à estratégia de venda todos os possíveis vectores ideológicos que ainda pudessem subsistir - e que tivessem no mínimo expressão no pormenor maior da sua simbologia.

sexta-feira, junho 17, 2005

teorias práticas e coisas afins

Recomendo vivamente uma visita demorada a Teorias práticas e coisas afins.

Um abraço Pedro: força para este renovado folêgo.

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De novo em Revisão, ouvindo em sussuro introspectivo científico Whisper Not de Keith Jarrett, Gary Peacock e Jack DeJohnette.

vital moreira e a sua tendência para as imposições normativas

Cumpre-me com infelicidade constatar a extensão da deturpação do sentido de realidade a que aludi no meu último post. Haja contudo complacência com tendência natural de Vital Moreira para as imposições normativas - é o caminho mais fácil e aquele a que mais está habituado.

Devo em todo caso reiterar-lhe uma questão: acredita de facto em determinações obrigatórias e imposições legais ou normativas em matéria de prescrição médica e dispensa farmacêutica?

Devia dar-se em lugar sim revelo ao papel dos doentes e utentes, porque esta é - repito - uma questão de direito do consumidor.

quinta-feira, junho 16, 2005

uma questão de direito do consumidor

A discussão que se tem colocado em torno da questão dos medicamentos genéricos tem manifestamente padecido de uma enorme deturpação do sentido da realidade - voluntaria ou involuntariamente.

Primeiro esclarecimento. A maior ou menor expressão de mercado dos medicamentos genéricos não tem nada a ver com um maior ou menor déficit na Saúde. Fundamentalmente porque através do novo modelo de comparticipação o Estado apenas comparticipa um medicamento - qualquer que seja, desde que integrado num grupo homogéneo (onde figure pelo menos um genérico) - até ao preço do medicamento genérico mais caro. Em concreto, haja possibilidade ou não de substituição de um medicamento de marca por um genérico, o Estado comparticipa rigorosamente o mesmo valor absoluto. Acresce em contrapartida, de resto, que os medicamentos genéricos, se se mantiver a majoração presentemente assumida, têm ainda como que um bónus de comparticipação. Não existe por isso da parte do Estado nenhum interesse especial para que haja aumento do mercado de genéricos.

Segundo esclarecimento. Um medicamento genérico é aquele que se constitui pela mesma substância activa que um determinado medicamento de marca, mesma dosagem, mesma forma farmacêutica (comprimidos, cápsulas, o que seja), embora possa possuir diferentes excipientes. Mais, para se definir como genérico, aquele medicamento tem de provar cientificamente que atinge a mesma concentração e num mesmo tempo (biodisponibilidade e bioequivalência) que o medicamento de marca. A diferença de preço entre os medicamentos genéricos e os medicamentos de marca explica-se exactamente pelo facto dos primeiros apenas necessitarem de realizar ensaios de biodisponibilidade e bioequivalência (além dos ensaios regulares de controlo de qualidade em produção), enquanto que os segundos tiveram que realizar estudos clínicos para apuramento da eficácia e segurança das substâncias activas, nas formas e quantidades apresentadas.

Terceiro esclarecimento. A questão dos medicamentos genéricos, estando devidamente assegurada pelo INFARMED a sua qualidade, eficácia, biodisponibilidade e bioequivalência, não é manifestamente de índole científica. É apenas e só uma questão de económica - porque comparticipando o Estado o mesmo (quer na dispensa de um medicamento genérico, quer na dispensa de um medicamento de marca), quem paga a diferença é o utente.


Enquanto couber aos doentes a propriedade da sua saúde, deve-lhes ser concedido um papel decisivo nas decisões terapêuticas. Acima de tudo, esta é uma questão de direito do consumidor.

noção de imparcialidade

Ainda em rescaldo político do último fim-de-semana, queria deixar nota n'a cor das avestruzes modernas sobre a reacção do Dr. Vitor Constâncio às acusações do Dr. Bagão Félix relativamente à falta de imparcialidade do método de cálculo agora utilizado para apuramento do valor do déficit.

Alegou o Dr. Vitor Constâncio ser inadmissível colocar pretensamente em causa a imparcialidade da equipa responsável pelo cáulculo do déficit. O PS apressou-se a sublinhar o mesmo. Excepcional noção de imparcialidade.

insolubilidade social

O maior malefício dos episódios criminais balneares recentes é aquilo que os sustenta. E não vale a pena cair no erro fácil de nos acharmos capazes de combater este problema (apenas) com repressão. Porque estas foram somente as manifestações mais evidentes de uma questão que se torna progressivamente mais complexa.

É pois urgente discutir planos de intervenção efectiva no âmbito da criminalidade metropolitana, fundamentalmente através de programas devidamente articulados que passem necessariamente por um requacionamento urbano (com requalificação incontornável das zonas degradadas), policial (corrigindo a subafectação de meios de que padecem as policias das áreas metropolitanas), político (afirmando sem complexos uma correcta política de imigração) e social (considerando o processo de integração como a pedra de toque de toda esta questão).

Este é um problema que se adensa desde o 25 de Abril e cuja resolução se configura hoje inadiável - sem complexos de esquerda, falsos moralismos ou, em oposição, reacções repressoras de tendência iminentemente retaliante. Não é mais possível manter uma lógica de intervenção paleativa de um problema cujos sintomas ultrapassam já o limiar mais optimista da sua eficácia terapêutica - é necessário procurar assumidamente a cura.

Porque nos precipitamos dramaticamente para uma insolubilidade social.

quarta-feira, junho 15, 2005

obrigado vovó Edith

Obrigado vovó Edith, atenterei também de ora em diante nos seus retalhos.

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Em Revisão pela noite dentro, embalado em criação pela creatividade sonora de Maria Schneider e o seu Allégresse.

terça-feira, junho 14, 2005

significados complicados com muitas entradas e poucas saídas

Pareceu-me ouvir hoje Jerónimo de Sousa referir-se a Álvaro Cunhal - no seu "discurso de velar" na sala de trabalhos da sede do PCP em Lisboa (na humilde Av. Liberdade) - como um "democrata e um patriota".

É certo que a semântica moderna alargou as suas estribeiras, mas oferecer a Álvaro Cunhal a significância da democracia e do patriotismo é hilariante - porque mesmo havendo significados complicados, que aceitam muitas entradas, as saías aceitáveis são por ora ainda restritas.

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De novo em Revisão, escutando os 52nd Street Themes de Joe Lovano.

critérios

Morreram durante o último fim-de-semana três personalidades de vulto nacional: Vasco Gonçalves, Eugénio de Andrade e Álvaro Cunhal. O luto extende-se naturalmente a uma latitude que ultrapassa largamente a família e os amigos. Mas a haver uma que enlute o País - enquanto oficialmente representado pelo Estado Português - teria que ser a do ex-primeiro-ministro Vasco Gonçalves.

Não se compreendem estes critérios - porque nestas ocasiões não pode haver lugar a preferências pessoais, como na atribuição de condecorações no 10 de Junho.

audiometria ou ensaio de verosimilhança

Ouvi este fim-de-semana, a propósito da morte de Vasco Gonçalves, o próprio - como palestrante entre camaradas comunistas - confessar um grande orgulho em ter pertencido ao "mais luminoso período da História de Portugal".

Gorado qualquer ensaio de verosimilhança, resta-me a hipótese de requerer com urgência uma audiometria.

o regresso

Hei-me de volta depois de um fim-de-semana retemperador nas águas cristalinas da Península mais ocidental da Europa (Troia).

quinta-feira, junho 09, 2005

honras n'O Acidental

Agradeço ao Paulo Pinto Mascarenhas. Como disse, é recíproco.

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Em Revisão, pela noite dentro, provando o sabor da arte do Bebo Valdés e a sua El Arte del Sabor.

quarta-feira, junho 08, 2005

lições de ciência política, 1ª edição: advérbios dos modos políticos

Há dois advérbios de modo, que por falta de modos políticos, não devem escapar a nenhum discurso político, qualquer que seja a sua circunstância - um comício, um jantar de apoiantes, um jantar de militantes, uma entrevista, um debate. Antes, devem ser repetidos à exaustão, inseridos em contextos mesmo que pouco apropriados, de modo a criarem a ideia de que a acção e o discurso que a apregoa assentam precisamente naqueles advérbios como valores de base: designadamente e verdadeiramente.

1. designadamente confere um sentido de poder de Estado, porque só designa quem conhece e quem pode. Eu, por exemplo, uso talvez este vocábulo uma vez por dia (e há dias que nem tanto) - porque nos meus tenros 24 anos designo para já muito pouco. Mas quem queira mostrar serviço - e mais que isso, quem queira mostrar poder - tem que usar designadamente pelo menos 5 vezes
por cada frase; ideal mesmo é repeti-lo, como quem repensa uma
ideia.


2. verdadeiramente é o topo dos topos do prestígio político. Ter a possibilidade de usar verdadeiramente no seu discurso é sinónimo de credibilidade - que é tanto maior quanto mais vezes se repetir a palavra verdadeiramente. Veja-se por exemplo o Eng. Sócrates - que entre as incontáveis recorrências ao vocáculo conseguia ainda apresentar algumas propostas políticas durante a última campanha eleitoral (ainda que poucas e fracas) - ganhou aos pontos ao Dr. Pedro Santana Lopes em matéria de credibilómetro*. Esta foi de resto a falha do candidato do PSD e o motivo pelo desaire eleitoral das últimas legislativas - é que o povo gosta de ouvir falar verdade, nem que seja rigorosamente (e apenas) a palavra verdade.

* Dr. João Serejo (C), Copy Right.

carrilho sai da toca e mete água

Depois das expressas críticas n' a cor das avestruzes modernas (e definitivamente por causa delas), Carrilho decide finalmente sair da toca e assumir posição na luta pela autarquia alfacinha.

E começa bem. No seu primeiro discurso oficial, o culturalíssimo propõe uma inversão da evolução do Terreiro do Paço - defendendo aí a relocalização do centro político, ao invés dos hoteis de charme, museus e focos culturais hoje considerados.

Mas é uma proposta que até se precebe: quem é que não gostaria de trabalhar à janela de uma vista desafogada pelo curso do Tejo? Isto é mesmo assim - cada um por si e os outros que se danem.

Gosto de políticos assim. Verdadeiramente.

terça-feira, junho 07, 2005

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Ainda em Revisão, hoje com Bill Ware and his Vibes.

delícia acidental

Rodrigo Moita de Deus, n'O Acidental:

Coisas simples que não consigo entender

Para que serve o colete reflector pendurado no banco do carro?

[Rodrigo Moita de Deus]

PS: É louvável a extraordinária capacidade dos portugueses de descaracterizarem qualquer objecto, reduzindo-o à estética do pirilampo mágico no tablier do táxi.

Confeço que também me tinha ocorrido já esta dúvida - cuja resposta se funde (julgo eu) na génese cultural do português e no seu jeito particular para descaracterizar e desfuncionalizar as coisas e lhes atribuir a sobre-exposição do rídulo. No mesmo pacote exibem-se os CDs, as chuchas, os lenços de cornocópias, os naprons rendados, as almofadas felpudas, e agora a bandeira nacional. Em especial se devidamente evidentes - e estes coletes são tão bons por isso: bem fluorescentes.

isso diz o roto ao nú

Na sequência do anúncio da não coincidência de opinião entre a posição oficial do Governo e a posição pessoal de Freitas do Amaral relativamente à presente questão europeia - que tem assim de estoicamente defender ao abrigo do negócio fechado nas últimas eleições legislativas - vem o eterno sebastiânico achado mais-que-tudo-mais-que-todos levantar o dedo ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, acusando-o de fazer ruído.

Para estes casos tem o povo uma expressão que assenta melhor que seda neste sujeitinho enfadado que, olhando a política com o desdém dos acagaçados que não sentem "o chamamento da missão", passa a vida a criar ruído: oiça Dr. Vitorino, isso diz o roto ao nú.

segunda-feira, junho 06, 2005

enfim a resposta

Alliance UniChem Plc, a leading European healthcare group, has agreed to form a strategic partnership with Portugal's national association of pharmacies ("Associação Nacional das Farmácias", "ANF"). This partnership will bring together Alliance UniChem's expertise and presence in pharmaceutical wholesaling in Portugal, including its European supplier relationships, with ANF's exclusive position in representing and supporting Portuguese pharmacies.
(...)
Ornella Barra, Executive Director, added: "Alliance UniChem's co-operation with ANF reflects the Group's strategy, of which partnership with pharmacists and pharmaceutical manufacturers is a key element. Our Group has a strong commitment to pharmacists.

violência conjugal de 3ª idade

Conta o El País que um homem de 79 degolou a mulher de 82 anos em plena Ciudad Real, cortando os seus pulsos em seguida. Este caso, inaugurando o registo de violência conjugal de 3ª idade, faz subir para 25 o número de mortes por violência doméstica no país vizinho.

Já se sabia que os ventos não eram bons.

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De novo em Revisão, em conjunto com Danzas Medievales Españolas de Eduardo Paniagua, lucrando com a intrioridade de cano, viola de braza, laud arabe, darbuga, pandero, sonajero, axabeba, kaval, chalumeau, dulcimer, sonajas, flautas de tres agujeros, gaitas, gaita charra y tamboril, tar, cimbalos, campanas, zanofona, lauid, dutar, vihuela de penola, santur, fujara, cantara, darbuga, zarb, bendir, pandera, tamor, tar, flautas de bisel, nay, fujara, psalterio, tromba mirina, darbuga, tar, cimbalos, caraqueb, cascabeles.

certezas

Certezas n'O Acidental:

1. José Sócrates conhece os pensionistas e os reformados
2. Neste governo não há pensões de miséria

domingo, junho 05, 2005

novas medidas ambientalistas do governo

Consta que no âmbito das novas medias ambientalistas que o Governo tem vindo a aprovar, será determinada a limpeza de 80 cartazes de campanha do PS Lisboa. Segundo informações fidedignas, esta medida visa diminuir o impacto ambiental visual que tamanho disparate causou nos munícipes da capital e a aproveitar o papel já gasto para reciclagem. Quem parece não ter ficado satisfeito foi Manuel Maria Carrilho, que teria como lema de campanha "Carrilho: por Lisboa" e assim terá de alterá-lo para "Carrilho por quase toda a Lisboa".

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Em revisão de conjunto dos últimos dados sobre infecções fúngicas hospitalares em unidades de cuidaddos intensivos, ouvindo a Sonata V Em Dó Maior em Sidewalk Meeting de Francisco Xavier Baptista.

sexta-feira, junho 03, 2005

campanha de rua antes da campanha sair à rua

Consta que o candidato do PS à Câmara de Lisboa surge em destaque na próxima edição da revista CARAS. Conta quem viu que o inteleculalíssimo e respectiva companheira e rebento forma surpreendidos - tanto quanto o seu pensado e repensado figurino estético deixa adivinhar - em plena Feira do Livro de Lisboa: imagine-se, a comprar livros para o pequenino. Honra seja feita ao carrilhito, deve herdar a supracapacidade do Pai - só assim se entenderá tamanha precocidade intelectual.

O marketing político funde-se sem dúvida na criatividade - sonegando como se prova a moralidade de pelo menos cumprir as regras do jogo. Porque não é no mínimo leal lançar-se em campanha de rua antes da campanha sair à rua.

(n.r.d.: como diz a Tia Pureza, não parece crível que uma banca de editor desse para albergar fotógrafos e jornalistas em espectativa predadora - porque os destaques não se compram à esquina)

não há muito a explicar

Por muito que se queira esforçar o governo para ofecerer uma explicação sobre as medidas adoptadas para a redução do déficit, a limpidez da incoerência e a absoluta falta de ética (trazidas pela concomitância imoral da apresentação de medidas de austeridade financeira com a substituição e nomeação políticas de quadros directores públicos) deixam-nos tudo muito endendível - e por isso não há muito a explicar.