lições de ciência política, 1ª edição: advérbios dos modos políticos
Há dois advérbios de modo, que por falta de modos políticos, não devem escapar a nenhum discurso político, qualquer que seja a sua circunstância - um comício, um jantar de apoiantes, um jantar de militantes, uma entrevista, um debate. Antes, devem ser repetidos à exaustão, inseridos em contextos mesmo que pouco apropriados, de modo a criarem a ideia de que a acção e o discurso que a apregoa assentam precisamente naqueles advérbios como valores de base: designadamente e verdadeiramente.
1. designadamente confere um sentido de poder de Estado, porque só designa quem conhece e quem pode. Eu, por exemplo, uso talvez este vocábulo uma vez por dia (e há dias que nem tanto) - porque nos meus tenros 24 anos designo para já muito pouco. Mas quem queira mostrar serviço - e mais que isso, quem queira mostrar poder - tem que usar designadamente pelo menos 5 vezes
por cada frase; ideal mesmo é repeti-lo, como quem repensa uma
ideia.
2. verdadeiramente é o topo dos topos do prestígio político. Ter a possibilidade de usar verdadeiramente no seu discurso é sinónimo de credibilidade - que é tanto maior quanto mais vezes se repetir a palavra verdadeiramente. Veja-se por exemplo o Eng. Sócrates - que entre as incontáveis recorrências ao vocáculo conseguia ainda apresentar algumas propostas políticas durante a última campanha eleitoral (ainda que poucas e fracas) - ganhou aos pontos ao Dr. Pedro Santana Lopes em matéria de credibilómetro*. Esta foi de resto a falha do candidato do PSD e o motivo pelo desaire eleitoral das últimas legislativas - é que o povo gosta de ouvir falar verdade, nem que seja rigorosamente (e apenas) a palavra verdade.
* Dr. João Serejo (C), Copy Right.
1 Comments:
Lol Nuno...curti este post...
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