sexta-feira, dezembro 30, 2005

fico mais descansado

por saber que a queda que o nosso primeiro-ministro deu em lazer de inverno nesse país europeísta, que traça de branco uma cruz na sua bandeira rubra, foi convenientemente abordada com um eficaz anti-inflamatório, gelo local e que para hoje está agendada uma ressonância magnética.

Não compreendo - e isso é manifesto sinal de declínio do jornalismo de qualidade em Portugal - é porque não avançaram no serviço noticioso matinal a molécula concreta que circula nas gran-vias plasmáticas do nosso primeiro-ministro: será um ibuprofeno em racemato, um dexibuprofeno, um tradicional ácido acetilsalicílico, um naproxeno, cetoprofeno, metamizol magnésico, diclofenac ou o semelhante aceclofenac, meloxicam ou piroxicam de toma diária ou a nimesulida preferencialmente inibidora da COX-2, ainda que apenas confirmada em ensaios in vitro. E a terapêutica concomitante que poderá o nosso primeiro-ministro estar a fazer e que poderá impor riscos acrescidos relacionados com o potencial de interacções associadas?

Não há dúvida de que o nosso jornalismo que se quer de informação ainda tem muito para andar. Porque o essencial nunca nos é dado. Mas ainda assim fiquei mais descansado.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

o regresso

Volvidos uns turbulentos meses em que o labor me tomou em absoluto, votando-me ao trágico exercício de parca ou nula escrita, hei-me de volta ao meu a cor das avestruzes modernas. Vencida (ou pelo menos controlada) a infecção sistémica que me comprometia na totalidade o dia (e a noite), tenho por fim o lucro de achar nesta infecção já de fase crónica um lugar de tempo entre recidivas para cumprir o prazer da letra que quis que este blog nascesse.