terça-feira, fevereiro 22, 2005

instantes

Estou no metropolitano. Passam sete minutos das dezanove e trinta da noite. À minha frente segue um casal negro - mãe e filho. A mãe tem um olhar perdido na janela onde correm os repetidos padrões que cobrem os corredores subterrâneos do metropolitano. O filho, incomodado pela estrita regra de estar sentado, pula entre o chiar repetido dos carris para o colo da mãe. Ela fixa impavidamente um qualquer ponto que só ela discortina na parede cinzenta do metropolitano. Ele imagina, nas tranças curtas de cabelo semeadas na cabeça crispada da mãe, medusas ou serpentes que se degladeiam. Ela tem um semblante derrotado. Ele não contem a medida da felicidade talhada pelos frutos da imaginação.

Um instante.

1 Comments:

At 7:14 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Este é só o teu melhor post até agora...abraço

Pedroso

 

Enviar um comentário

<< Home