segunda-feira, fevereiro 21, 2005

choque, plano, sem plano

Durante a campanha eleitoral, a principal medida apresentada pelo Eng. Sócrates foi o pretenso "choque" tecnológico, que depressa se quedou em plano tecnológico quando o rídiculo lhe tomou a consciência e o fez arrepiar caminho. Agora que lhe calhou em sorte ser Primeiro Ministro, diz-nos que a sua primeira medida, logo que assuma o cargo, será oferecer emprego a mil jovens em áreas de tecnologia e gestão. É de facto uma medida de choque, porque choca qualquer indivíduo que mantenha o raciocínio minimamente activo durante a tranquila fruição da condenação do País. Se se pretendia que o "choque", o "plano" ou o quer-que-fosse-que-isso-é-o-que-menos-interessa tecnológico tivesse uma pretenção estruturante (defendida pelo PS como alavanca para o crescimento económico), tivémos ontem a resposta mais clara que se podia esperar: foi tudo uma questão eleitoral tão demagógica como todas as outras.

Mas mesmo que se não tivesse armado em herói sem capa e nos tivésse poupado à relevação imediata do vazio estruturante da base programática do PS, uma questão impunha-se ao Eng. Sócrates: como é que ele pensa implementar um qualquer plano tecnológico, de ciência e desenvolvimento, num país onde as principais faculdades de ciência e tecnologia vivem a tapar buracos e não têm a mínima margem para investir. Mais que o plano tecnológico importa desenhar um Plano Educativo que imprima um novo fôlego à educação e que permita a implementação das recomendações de Bolonha.

Porque não interessa começar a casa pelo telhado.