domingo, fevereiro 20, 2005

pesadelo

Estou a escrever este post às 20:08 da noite - imediatamente a seguir à comunicação das primeiras projecções dos resultados das legislativas. Confesso que mal consigo conter a descarga simpática a que o meu malfadado nervo vago me condena. Os dedos tremem-me à medida que procuro no teclado as letras deste meu manifesto incrédulo, triste, desolado. Não consigo conceber o pesadelo que vi projectado há poucos minutos na televisão. Não consigo conceber a ideia de viver num país que dá ao PS o crédito de uma maioria absouta. Não consigo conceber a benevolência que foi oferecida a um partido que comprometeu até há 4 anos atrás o futuro de meu País e que agora, sem mérito e sem razão, retorna ao poiso que assume como posto - o poder. Não consigo conceber a ideia de voltar a ver como representantes do meu País gente terrivelmente ignorante e incapaz. A incredulidade e a raiva com que escrevo este post associam-se a uma manifesta vergonha pelo País em que vivo. Um país sem memória é um país sem inteligência.

Portugal assumiu hoje o terrível voto de castidade à modernização e desenvolvimento; assumiu hoje a vontade de se manter tacanho, preso aos laivos de incompetência e inactividade de um Partido que assume a responsabilidade dos desígnios do País como quem se coloca em ponto-morto, deixando fluir o País ao ritmo das marés.

É um pesadelo. É um pesadelo e uma injustiça. Uma injustiça pelo castigo infligido a dois governos que procuraram inverter o rumo talhado ao precipício por aqueles que agora, sem graça nem louvor, retornam - com a terrível hipocrisia dos incapazes - ao posto quente do poder.

Passaram já 30 minutos desde a má-nova. Vou digerindo a tristeza de ver o meu País - o meu tão querido País - entregue a esta gentalha menor. Mas vou pensando que talvez este resultado seja aquilo que Portugal merece. Porque um povo que oferece, na sua maioria, um atestado de liberdade à reincidência de más políticas, é sem dúvida um País que só merece ser castigado exactamente por essas más políticas. Um povo que merece cumprir a pena de mais 4 anos de vacas magras, agravadas pelo terrível peso da inércia das más políticas que perpetuarão as dificuldades por mais 4 ou 8 anos.

Digo-vos uma coisa: não deixarei que os meus filhos vivam num País guiado por esta gente.