quinta-feira, março 10, 2005

cátedra

Cátedra (do gr. kathédra, «assento», pelo lat. cathèdra-, «cadeira») designa entre outros o terrível apego ao poder selectivo e electivo de que o Sr. Bastonário da Ordem dos Médicos fez hoje voto absoluto na TSF.

Em resposta ao apelo do Sr. Presidente da República para o incremento da prescrição de medicamentos genéricos, com base na óbvia alegação de que está mais que outros em causa o interesse nacional (pelo impacto que os custos com medicamentos têm sobre o PIB e sobretudo sobre o PIF, produto interno familiar) o Dr. Pedro Nunes trouxe a lume o verdadeiro motivo das reticências impostas àqueles medicamentos: a sua cátedra.

Numa terrível prova de ignorância e de mau serviço público (que é, lembre-se, o propósito primeiro da actividade de qualquer Ordem) o Sr. BOM (Bastonário da Ordem dos Médicos), achando-se óptimo, afirmou, à laia de soldado ferido, que os ainda baixos níveis de prescrição de medicamentos genéricos se prendiam com o facto da prescrição poder ser alterada noutra sede que não nesse lugar eleito onde se pode subjugar um doente ao capricho médico. Mas deixe-me lembrar-lhe que está na caneta sábia de qualquer médico a possibilidade de prescrição de um medicamento genérico particular (apelidado por uma marca que entenda ser mais "credível", sendo que a única credibilidade dos genéricos se mede em biodisponibilidade e bioequivalência e não em milhas e aquelas são padronizadas e fiscalizadas); basta que para isso faça acompanhar a designação da DCI e da respectiva marca de uma simples cruz onde na receita se diz: não aceito a substituição.

Se o préstimo público das Ordens é amiúde posto em confronto com o interesse geral da classe a que se afectam essas Ordens, cabe exactamente aos seus bastonários selar em terreiro pela razão pública e não defender infantilmente uma cátedra que é, antes de mais, de todos nós: a saúde.

Pena é que o mandato deste Bastonário tenha ainda agora começado.