domingo, abril 02, 2006

recuperando recortes antigos

acho em delícia um artigo de opinião de Nuno Henrique Luz na revista do Independente de 19.03.1999, que leva o título (feito novamente actual e lançado em televisão por Nuno Rogeiro nas últimas presidenciais): "Soares é fixo".

Dizia NHL, em 1999, que "uma pessoa vê Soares na televisão, de chapéu na mão, a tentar fazer-se entender por Kassinger e Kofi Annan e Federico Mayor, e pensa: aos mitos da política há sobretudo que deixá-los quietos, para que fermentem e amplifiquem o seu esplendor, como os queijos".

Gosto sobretudo da designação mito, que coloca na esfera da ficção e da fantasia o real impacto do Dr. Mário Soares em Portugal. Já acho (ou pelos menos cumpre-me dizê-lo) de gosto discutível a comparação muito plástica entre a imobilização a que Mário Soares se deveria prestar (e ter prestado) e o processo de fermentação do queijo - ainda que se alegue ser para servir o seu esplendor.

Em todo o caso, este recorte poderia ser não de há 7 anos mas de há dois meses. Prova de que a Terra, pelo menos na paralaxe temporal errónea que tolha o nosso país, gira muito lentamente.