sábado, julho 23, 2005

equívocos da História

A história da História - ou seja, aquela que é contada pelos homens e não a que é feita pelos homens - é frequentemente alvo de diversos equívocos. Porque a história que é escrita raramente é rescrita quando mal escrita.

Disso é vítima agora Egas Moniz e o seu prémio Nobel recebido alegadamente em parabenização e reconhecimento pela técnica de lobotomia. Conta-se que existe uma campanha dos Estados Unidos contra o neurologista português, promovida pelas famílias de doentes sujeitos àquela técnica neurocirúrgica - as quais pedem à Academia Sueca que retire o galardão ao nosso médico.

Quem tem gosto pela História, em particular pela História das Ciências, sabe que esta técnica, que consistia em fazer uma incisão localizada em fibras nervosas cerebrais para tratamento da esquizofrenia e de outras afecções neurocomportamentais, foi galardoada como um prémio de consolação. De facto, Egas Moniz devia ter sido parabenizado antes com o Nobel pelos seus trabalhos na angiografia cerebral, os quais motivaram erradamente a entrega a investigadores amercianos do prémio que seria com justiça do investigador português.

Por esse motivo, e porque a Academia Sueca tem desde esse tempo uma dívida para com a comunidade científica lusa, os responsáveis pela entrega destes prestigiados prémios vieram já garantir que "não existe qualquer hipótese de retirar o prémio, uma vez que o reconhecimento internacional de Egas Moniz não se esgota na prática da Lobotomia".

Equívocos da História.