quinta-feira, maio 05, 2005

incursão ideológica sem retorno

A ideologia da esquerda política funda-se (na sua génese) e cumpre-se (na sua prática) num reiterado compromisso incumprivél, erguendo como galões aqueles que são os seus defeitos de base.

1. Liberdade. Galão-mais-que-galão de que se gaudia a esquerda ser paladina e representante única na Terra. Exemplo disso é a eleição (leia-se: nomeação) livre (leia-se determindada) do secretário-geral do PCP, ou mesmo o convite ao retiro espiritual (leia-se expulsão) ditado pelo PCP aos que cumprem a riqueza da difereça de opinião (leia-se dissidentes).

2. Solidariedade. Expressão devida do socialismo que os mascara e que se cumpriria no prejuízo individual em prol do interessee colectivo, na suposição nashiniana nobelizada de que no sucesso do interesse geral se realiza por inerência o interesse individual. Ora não existindo sucesso no interesse geral é melhor defender-se - entende a esquerda - o insucesso do interesse individual - que não o que lhes é próprio.

3. Tolerância. Pilar corroído pelo seu constante incumprimento e que ameaça, mais claramente que os restantes, fazer desabar toda a tenda ideológica da esquerda, porque sob as vestes brancas diafinizantes de gente ampla de três faces, a esquerda surge-nos amiúde como a mais esplêndida expressão da intolerância - seja na arrogância tola dos bocejos bardagentos do economista anticapitalista chefe do Bloco (este título partidário claramente significativo da coisa tolerante), seja nos mais simples comentários inscritos nos blogs de opinião - que sem excepção, à falta de melhor argumentação, se findam nisso que é tanto de esquerda: terminar num delicioso charro.

[Um parêntesis a esta incursão e por causa dela uma reflexão paralela: nunca precebi porque é que a esquerda se opõe ao mercado de armamento - que foi até em tempos o maior motor da economia do bloco soviético (lá está outra vez a exceLência da significância tolerante) - e não se insurgem contra o mercado (que até aninam) da droga: que subjoga os pequenos produtores famintos à ditadura imposta pelos baronetes dos terceiros, quartos e quintos mundos que a cada dia mais se afundam nas diferenças sociais que os invialibizam. É de facto mais uma incoerência da esquerda]

Esta é sem dúvida uma incursão ideológica sem retorno, porquanto a esquerda se encontra num beco sem saída murado pela falaciosa teorização do mundo resultante dos seus silogismos interrompidos. A esquerda é um erro: porque assenta num problema genealógico de morte - a incoerência.