segunda-feira, abril 25, 2005

a divina comédia de campos

Soube-se agora que o inaudito projecto de lei do governo para oferecer aos barões de comércio superficial de grandes dimensões a partilha da venda dos medicamentos achados de venda livre terá uma preciosa medida de precaução e segurança: a interdição da venda a menores de 16 anos. Adivinham-se já certamente epidósios de sórdida comicidade:

Sujeito aparentemente menor de 16: Bom dia, queria uma aspirina mastigável, uma aspirina C, uma migraspirina e uma aspirina para adultos que a infantil sabe a pouco, uma coisa qualquer para o estômago que o meu pai sofre muito, uns comprimidos para a minha mãe que é muito presa dos intestinos, umas vitaminas que ando fraco e uma coisa para a ressaca, e um cena para a minha irmã emagrecer.
Fulano, beltrano ou cicrano indistinto com a devida supervisão por videoconferência por um ajudante técnico de férias no Dubai: Pois, sim, sim. É tudo?
SAM16A: Espere... Acho que sim. Não, esqueci-me: quero também soda para os dentes para o meu pai não descobrir que eu fumo. É soda que se usa não é? É que é um amigo meu que põe disso e que diz que resulta e que o velho não topa nada. É isso não é?
FBCICDSPVPATFD: Pois sim, sim. É possível. Como disse: soda? Eu quero ver mas é o bilhetinho.
SAM16A: Qual bilhetinho?
FBCICDSPVPATFD: Bilhetinho de identidade. Queres levar isso tudo, e podes levar muito mais - tudo aquilo que quiseres sem controlo nem satisfação, mas só se tiveres mais de 16 anos.
SAM16A: E tenho. Fiz 16 já no mês passado e tudo. Esqueci-me foi do BI nas outras calças que ontem saí e deixei no chão do quarto.
FBCICDSPVPATFD: Então paciência. Não posso fazer nada. Sem cartão não entra... pedrão!, não compras.

De facto era esta a medida estruturante que faltava à área do medicamento. Louvado seja o populista partido socialista, o Eng. Sócrates sem inscrição na ordem dos engenheiros que por isso de engenheiro não tem nada e o acusado Campos que malograda a falta de jeito para outras coisas (como ser ministro da saúde) salva-se-lhe pelo menos o reconhecido mérito criativo de nos oferecer esta divina comédia!