quarta-feira, julho 27, 2005

vê-se claramente visto

que há coisas que são ditas pelo estranho prazer de as dizer e não pelo sentido verdadeiro do que é dito.

Hoje, na repetição desta conversa de Carlos Vaz Marques [decididamente um dos melhores jornalistas da rádio] com Cruzeiro Seixas, ouvi o pintor e poeta surrealista dizer-se, a determinada altura, um assumido näif. Confissão de imediato refutada por uma terrível contra-resposta de gume de folha do aclarado jornalista: o que demonstra, já, um pouco menos de ingenuidade; porque ingénuo ou näif é aquele que não se dá conta de o ser, não é?

Vê-se claramente visto que há coisas que são ditas não pelo sentido verdadeiro do que é dito, mas antes por um estranho prazer de as dizer.