quinta-feira, março 17, 2005

recriar ou criar?

Vale a pena ler com atenção o repto deixado por Luís Delagado na edição de hoje do DN:

O centro-direita precisa, como já fez a esquerda, com a introdução e crescimento do BE, de renovar e fazer as rupturas necessárias e urgentes para recompor o seu espaço, credibilizar as opções e, se necessário, recriar os partidos.Vamos por partes o PSD actual precisa de um suplemento de vitamina, e diferenciação, que o distinga, em absoluto, do PS, em algumas traves-mestras ideológicas, e que fixe com maior nitidez o centro, a classe média, e a sua identificação com os jovens.Qualquer solução que agora venha, e a mais provável será Marques Mendes, é a continuidade do mesmo PSD dos últimos 30 anos, como se esse tempo não tivesse gerado novas ideias, mudanças de perspectiva, e alterações no pensamento político.O PSD precisa de modernizar- -se, adaptar-se aos novos desafios, perceber as reais preocupações dos portugueses, e falar directamente ao eleitorado urbano, que gosta de estabilidade, e a uma juventude em crescimento, que tem outras referências e desejos que não propriamente as que existiam há dez anos.Igual receita necessita o PP, que sem Portas terá ainda uma maior dificuldade em reganhar a força que já teve, e que ainda tem, mas que pode perder com o passar do tempo, e o regresso de velhas ideias sem impacto.Veja-se o caso italiano e inglês no primeiro desapareceu a democracia-cristã por troca com líderes e partidos mais voltados para a resolução prática dos impasses, e na Grã- -Bretanha é angustiante ver como o Partido Conservador ainda não percebeu que tem de mudar os "chavões" do tempo de Thatcher, tornar-se activo e moderno, e ser um espelho das novas gerações.O problema é que as nossas vidas, referências e o mundo em que existimos está dez passos à frente dos partidos políticos, e das suas visões em circuito fechado, e com os mesmos protagonistas de sempre, e por aí não haverá, nunca, uma verdadeira ruptura, no seu sentido pleno, e recriador de novas ideias. Ou mudam de dentro para fora, ou outros partidos, e líderes, surgirão um dia, para canibalizar os que não conseguem mudar. Portugal de 74, ou 84, ou 94, nada diz aos portugueses de 2005.