noites à direita
Lá estarei. Numa conversa sobre a direita, para discutir tudo.
NPFurtado@netscape.net
Até há pouco tempo havia alguma dificuldade entre os políticos para que conseguissem aliar um modo de agressão política irredutível, que condensasse numa palavra um só grito, a uma postura mantida elevada. Se conviermos, a crítica literal mentiroso é manifestamente grosseira e acaba mesmo por se virar contra o seu emissor, à laia de um feitiço mal medido.
Mas hoje esses dias estão claramente volvidos. Hoje temos entre o vocabulário político aprovado uma palavra que se encaixa perfeitamente naqueles requisitos e, mais, tem tido até agora o sentido acrescido da surpresa - que é em guerra - mesmo que política -, verdadeiramente [já estou a entrar no ritmo], a melhor arma.
embuste
do Cast. embuste s. m., mentira
artificiosa; dolo, falsidade; velhacaria
Embuste enche-se de som quando se pronuncia - cheio de corpo, cheio de intensão. É uma farpíssima fina sem resposta. Mas não se cumpre numa agressão barata gasta em paragens menores. É irredutível mas polida.
É claramente palavra obrigatória para o Verão 2005. Pelo menos para quem segue as modas.
a revisão de conjunto sobre infecções fúngicas hospitalares e a questão particular dos doentes queimados.
Ainda Mahler, um gato estendido numa doce preguiça e um relógio que se precipita para a alvorada - rasgando a noite quieta e absolutamente solitária. Ainda em revisão.
e por isso desisti logo no primeiro livro: benefício de ler apenas por gozo e lazer e não ter de cumprir sacrifícios profissionais.
Assisti ontem em serão prolongado ao magnífico espectáculo de encerramento do festival BCC Proms 2004, que juntou em torno da orquestra sedeada no Royal Albert Hall as cidades de Londres, Swansea, Glasgow e Belfast (dos quatro estados do Reino Unido).
Confesso que não entendo as vozes que se insurgem contra o número de secretárias do Sr. Primeiro Ministro: é sinal do imenso trabalho a que se propõe o Eng. Sócrates e por isso necessariamente uma medida de contentamento para todos nós. Quanto mais trabalho houver, mais apoio de secretariado precisará o primeiro-ministro, o que implicará mais secretárias, as quais por sua vez se verão obrigadas, por força do imenso trabalho, a contar com apoio suplmentar de secretariado a prestar por outras secretárias das secrestárias.
Não é justo roubar-se o prémio a quem já subiu ao pódio. Isso foi o que senti quando ouvi na TSF a Fenprof afirmar que os louros da antecipação da apresentação das listas dos professores para o próximo ano lectivo não eram afinal deste governo mas do anterior. Não se faz.
Ao ler a notícia de que os hipermercados vão absorver a subida do IVA e que os preços se manterão para grande parte dos produtos, caímos na tentação (é essa a intensão) de pensar: "afinal nem sempre é só o lucro que os move"; "simpáticos, estes senhores"; "assim vou passar a ir mais vezes aos hiperes" e outros pensamentos semelhantes.
É inaceitável a condenação ditada ao nosso major coqueluche por apenas se ter dirigido a forças de autoridade de modo corriqueiro. Imagine-se que se julgava que o major pretendia, nas suas próprias palavras, mandar os agentes à sanita comer fezes. Não passa pela cabeça de ninguém, pois não.
frequentemente - na esfera íntima a que os limites da boa educação me obrigam - para com o ministro Correia de Campos. A mais recente enormidade foi a forma indigente com que se referiu à responsabilidade dos profissionais de saúde - nomeadamente por uma pretensa falta de cuidados primários de higiene - pela elevada prevalência de infecções nosocomiais no Hospital de São João, no Porto.
Esta noite - ainda há pouco - dei por mim solto num largo riso e senti-me bem. Assistia na circunstância à Quadratura do Círculo e, inevitavelmente, conforme depreenderão, tinha a palavra Jorge Coelho.
Estando o processo de ratificação do Tratado Constitucional Europeu presentemente adiado e, por consequência, também adiada a realização do referendo em Portugal, já não faz sentido incluir no texto constitucional português a questão da simultaneidade de ocorrência do referendo sobre a Constituição Europeia e eleições nacionais.
Saddam Hussain tem feito grandes amizades com os soldados americanos com os quais priva no seu recatado cativeiro. Consta até que terá oferecido lições de vida a um jovem soldado, de nome Sean O'Shea, assegurando-lhe que em matéria amorosa o ideal é encontrar uma mulher not too smart, not too dumb. Not too old, not too young. One that can cook and clean.
Volvidos os achados tempos da "direita", vê-se agora o PS em campanha erguendo punhos cerrados em fundos vermelhos, aproveitando os vendos que sopram (como outrora de leste) de folêgo redobrado aós a morte do Ícone. "Na gaveta" estão já aqueles que emolduraram em fundo verde esperança (que foi nossa desesperança) a era guterrista da rosa de todas as oportunidades.
Recomendo vivamente uma visita demorada a Teorias práticas e coisas afins.
Um abraço Pedro: força para este renovado folêgo.
Cumpre-me com infelicidade constatar a extensão da deturpação do sentido de realidade a que aludi no meu último post. Haja contudo complacência com tendência natural de Vital Moreira para as imposições normativas - é o caminho mais fácil e aquele a que mais está habituado.
A discussão que se tem colocado em torno da questão dos medicamentos genéricos tem manifestamente padecido de uma enorme deturpação do sentido da realidade - voluntaria ou involuntariamente.
Ainda em rescaldo político do último fim-de-semana, queria deixar nota n'a cor das avestruzes modernas sobre a reacção do Dr. Vitor Constâncio às acusações do Dr. Bagão Félix relativamente à falta de imparcialidade do método de cálculo agora utilizado para apuramento do valor do déficit.
O maior malefício dos episódios criminais balneares recentes é aquilo que os sustenta. E não vale a pena cair no erro fácil de nos acharmos capazes de combater este problema (apenas) com repressão. Porque estas foram somente as manifestações mais evidentes de uma questão que se torna progressivamente mais complexa.
Pareceu-me ouvir hoje Jerónimo de Sousa referir-se a Álvaro Cunhal - no seu "discurso de velar" na sala de trabalhos da sede do PCP em Lisboa (na humilde Av. Liberdade) - como um "democrata e um patriota".
Morreram durante o último fim-de-semana três personalidades de vulto nacional: Vasco Gonçalves, Eugénio de Andrade e Álvaro Cunhal. O luto extende-se naturalmente a uma latitude que ultrapassa largamente a família e os amigos. Mas a haver uma que enlute o País - enquanto oficialmente representado pelo Estado Português - teria que ser a do ex-primeiro-ministro Vasco Gonçalves.
Ouvi este fim-de-semana, a propósito da morte de Vasco Gonçalves, o próprio - como palestrante entre camaradas comunistas - confessar um grande orgulho em ter pertencido ao "mais luminoso período da História de Portugal".
Hei-me de volta depois de um fim-de-semana retemperador nas águas cristalinas da Península mais ocidental da Europa (Troia).
Há dois advérbios de modo, que por falta de modos políticos, não devem escapar a nenhum discurso político, qualquer que seja a sua circunstância - um comício, um jantar de apoiantes, um jantar de militantes, uma entrevista, um debate. Antes, devem ser repetidos à exaustão, inseridos em contextos mesmo que pouco apropriados, de modo a criarem a ideia de que a acção e o discurso que a apregoa assentam precisamente naqueles advérbios como valores de base: designadamente e verdadeiramente.
1. designadamente confere um sentido de poder de Estado, porque só designa quem conhece e quem pode. Eu, por exemplo, uso talvez este vocábulo uma vez por dia (e há dias que nem tanto) - porque nos meus tenros 24 anos designo para já muito pouco. Mas quem queira mostrar serviço - e mais que isso, quem queira mostrar poder - tem que usar designadamente pelo menos 5 vezes
por cada frase; ideal mesmo é repeti-lo, como quem repensa uma
ideia.
2. verdadeiramente é o topo dos topos do prestígio político. Ter a possibilidade de usar verdadeiramente no seu discurso é sinónimo de credibilidade - que é tanto maior quanto mais vezes se repetir a palavra verdadeiramente. Veja-se por exemplo o Eng. Sócrates - que entre as incontáveis recorrências ao vocáculo conseguia ainda apresentar algumas propostas políticas durante a última campanha eleitoral (ainda que poucas e fracas) - ganhou aos pontos ao Dr. Pedro Santana Lopes em matéria de credibilómetro*. Esta foi de resto a falha do candidato do PSD e o motivo pelo desaire eleitoral das últimas legislativas - é que o povo gosta de ouvir falar verdade, nem que seja rigorosamente (e apenas) a palavra verdade.
Depois das expressas críticas n' a cor das avestruzes modernas (e definitivamente por causa delas), Carrilho decide finalmente sair da toca e assumir posição na luta pela autarquia alfacinha.
Rodrigo Moita de Deus, n'O Acidental:
Coisas simples que não consigo entender
Para que serve o colete reflector pendurado no banco do carro?
[Rodrigo Moita de Deus]
PS: É louvável a extraordinária capacidade dos portugueses de descaracterizarem qualquer objecto, reduzindo-o à estética do pirilampo mágico no tablier do táxi.
Na sequência do anúncio da não coincidência de opinião entre a posição oficial do Governo e a posição pessoal de Freitas do Amaral relativamente à presente questão europeia - que tem assim de estoicamente defender ao abrigo do negócio fechado nas últimas eleições legislativas - vem o eterno sebastiânico achado mais-que-tudo-mais-que-todos levantar o dedo ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, acusando-o de fazer ruído.
Alliance UniChem Plc, a leading European healthcare group, has agreed to form a strategic partnership with Portugal's national association of pharmacies ("Associação Nacional das Farmácias", "ANF"). This partnership will bring together Alliance UniChem's expertise and presence in pharmaceutical wholesaling in Portugal, including its European supplier relationships, with ANF's exclusive position in representing and supporting Portuguese pharmacies.
Conta o El País que um homem de 79 degolou a mulher de 82 anos em plena Ciudad Real, cortando os seus pulsos em seguida. Este caso, inaugurando o registo de violência conjugal de 3ª idade, faz subir para 25 o número de mortes por violência doméstica no país vizinho.
Consta que no âmbito das novas medias ambientalistas que o Governo tem vindo a aprovar, será determinada a limpeza de 80 cartazes de campanha do PS Lisboa. Segundo informações fidedignas, esta medida visa diminuir o impacto ambiental visual que tamanho disparate causou nos munícipes da capital e a aproveitar o papel já gasto para reciclagem. Quem parece não ter ficado satisfeito foi Manuel Maria Carrilho, que teria como lema de campanha "Carrilho: por Lisboa" e assim terá de alterá-lo para "Carrilho por quase toda a Lisboa".
Consta que o candidato do PS à Câmara de Lisboa surge em destaque na próxima edição da revista CARAS. Conta quem viu que o inteleculalíssimo e respectiva companheira e rebento forma surpreendidos - tanto quanto o seu pensado e repensado figurino estético deixa adivinhar - em plena Feira do Livro de Lisboa: imagine-se, a comprar livros para o pequenino. Honra seja feita ao carrilhito, deve herdar a supracapacidade do Pai - só assim se entenderá tamanha precocidade intelectual.
Por muito que se queira esforçar o governo para ofecerer uma explicação sobre as medidas adoptadas para a redução do déficit, a limpidez da incoerência e a absoluta falta de ética (trazidas pela concomitância imoral da apresentação de medidas de austeridade financeira com a substituição e nomeação políticas de quadros directores públicos) deixam-nos tudo muito endendível - e por isso não há muito a explicar.